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on quinta-feira, 7 de junho de 2012
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O ENSINO
A
matemática e até mesmo outras matérias, desde o descobrimento do
Brasil, eram ministradas pelos jesuítas, até a expulsão deles, em 1759.
Desta data até 1808, os ex-alunos dos jesuítas ficaram encarregados do
ensino. De 1808 a 1834 a matéria era ministrada nas escolas do exército
e da marinha e, a partir de 1873, também nas escolas de engenharia. Em
1874 foi criada a Escola Politécnica, a partir da Escola Central –
ex-Escola Militar. A Escola de Minas de Ouro Preto foi criada em 1875 e
a Escola Politécnica de São Paulo em 1893. Assim, o ensino da
matemática passou também a ser oferecido em escolas não militares.
Ela
é o terror de muitos alunos. Basta a expressão “resolva o problema”,
usada nos exercícios da matéria, para causar arrepios e depressão. Mas,
será que a matemática, cujo Dia Nacional é comemorado no dia 6 de maio,
é mesmo esse pavoroso bicho papão? De acordo com pesquisa recente,
encomendada pela UNESCO ao Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais da
Universidade Federal de Minas Gerais, cerca de 40% dos alunos que
concluíram o Ensino Fundamental em escolas públicas, entre 2005 e 2009,
não absorveram o nível básico da disciplina que é esperado nessa etapa.
RAZÕES PARA A REJEIÇÃO
Segundo
o professor de matemática Luciano Santana, do Colégio Padre Antônio
Vieira, do Rio de Janeiro, três fatores contribuem para a rejeição à
matéria. O primeiro é histórico: algumas escolas criaram o mito de que
aprender matemática é difícil. Basta dizer que, no século VI a.C., os
alunos que pretendiam entrar para o Instituto de Pitágoras, chegavam a
ficar 12 horas trancados em celas para desvendar enigmas matemáticos e,
se não conseguissem êxito, eram humilhados perante seus pares.
O
segundo fator que contribui para o medo com relação à matemática,
segundo o professor, se baseia na psicanálise: de acordo com Sigmund
Freud (foto), considerado o pai da psicanálise, o processo de
aprendizagem está ligado ao prazer de aprender; portanto, a falta de
motivação, por parte do professor, e de aulas dinâmicas, principalmente
nas fases iniciais da aprendizagem, contribuem para a rejeição nas
etapas mais avançadas do ensino. O terceiro motivo, segundo Santana, é
o currículo estudado, considerado por ele muito extenso e cobrado num
nível alto de aprofundamento. “Conteúdos como números complexos não
fazem sentido no Ensino Médio, para quem não vai tentar áreas como
engenharia”, explica ele.
CRIANÇAS
A
professora de matemática da Universidade Federal de Uberlândia,
Cristiane Coppe, explica que as crianças da Educação Infantil gostam da
matéria, pois ela é ensinada de forma lúdica e trabalhada sempre de
maneira concreta. Mas, depois que os estudantes começam a estudar as
disciplinas isoladamente, há, na avaliação da professora, um rompimento
do concreto para o abstrato. “Essa passagem se dá de modo brusco, no
processo de ensino e aprendizagem da matemática, o que a torna sem
significado. Como se pode gostar de algo que não se entende?”
Já
no fim do Ensino Fundamental, a matemática deixa de ser o bicho papão e
passa a ser o bicho de sete cabeças, formado também pela química e pela
física. “O fato de um aluno não gostar de matemática terá grande
influência em química e física, matérias que dependem muito das
ferramentas da matemática em seus cursos. A vantagem dessas duas
últimas ciências é que elas podem oferecer aulas em laboratórios para
quase todos os conteúdos abordados, o que, em matemática, não é tão
fácil”.
Para
estimular os alunos, Santana explica que o Colégio Padre Antônio Vieira
realiza maratonas de matemática, inspiradas nas olimpíadas da Sociedade
Brasileira de Matemática. Os três melhores colocados são premiados com
média 10 na disciplina. “O que observamos é que os alunos que não
gostam de matemática participam efetivamente, pois existe o estímulo de
obter a nota 10. Além disso, a prova é possível de ser feita por eles,
pois não prioriza conteúdos, uma vez que utilizamos questões de
raciocínio lógico também”. Santana acredita que o primeiro passo para
os alunos encararem a matemática como algo menos complicado é melhorar
a qualificação dos profissionais na educação básica: “É preciso
oferecer mais conhecimento matemático, pois a maioria dos professores
tem um conhecimento limitado. O segundo passo é cobrar dos pais maior
empenho no processo. E, por último, rever urgentemente o currículo
oferecido”. Já Cristiane ressalta que o educador deve mostrar que há
diversos caminhos para a resolução de um problema matemático: “Ele deve
possibilitar ao aluno a investigação matemática, a experimentação com
erros e acertos e a formalização de conceitos, após observações em um
ambiente propício à aprendizagem”.
MALBA TAHAN
Um
dos educadores que fizeram isso com maestria foi o professor Júlio
Cesar de Mello e Souza (1895-1974), que usava o pseudônimo de Malba
Tahan (foto). “O que considero mais relevante nos livros do professor
Júlio Cesar é a junção genial de ciência, imaginação, matemática e
cultura árabe”, diz Cristiane, que é estudiosa da obra do autor. O
livro mais conhecido de Malba Tahan, “O Homem Que Calculava”, é um
conto matemático. São narrativas que se desenrolam com a personagem
Beremiz Samir e utilizam conceitos como história da matemática,
resolução de problemas e etnomatemática, entre outros. Malba Tahan
conquistou leitores no mundo inteiro, através da matemática, e mostrou
que o aprendizado da ciência pode ser muito divertido. Em sua
homenagem, o dia do seu aniversário, 6 de maio, foi decretado o Dia
Nacional da Matemática.
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